Património religioso, Terra de Cultura

Igreja de Ancede

A Igreja Matriz de Ancede foi obviamente a igreja do mosteiro de Santo André de Ancede, construído nos inícios do século XII, uma vez que a primeira referência documental conhecida data já de 1120.


Da primitiva igreja medieval pouco se conhece embora se consiga identificar alguns paramentos que exibem aparelho medieval, sobretudo na fachada sul da igreja e no corpo onde se inclui a atual sacristia. Destaca-se ainda a rosácea com um espesso toro na face externa, delimitada por duas pequenas escócias e uma orla perolada que é já obra do séc. XIII (Barroca, 1984). Fica ainda por esclarecer se a atual localização da rosácea – na parede fundeira da capela-mor – corresponderá à original. Sabemos ainda que o mosteiro foi alvo de um grande incêndio em meados do século XIV, destruindo algumas das suas dependências.

Sabemos também que antes do século XVI havia duas igrejas: uma para os cónegos e outra para os fregueses e que ambas seriam pequenas. A igreja da freguesia era composta por duas naves, o que pressupõe dimensões mais modestas em relação à atual, desconhecendo-se a sua localização, e se estava, ou não, separada espacialmente da igreja dos cónegos.

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Esta descrição surge-nos num documento de 1746 que faz ainda referência a uma obra de remodelação, concluída em 1689, ao se construir um novo edifício de três naves com três capelas ornamentadas e com um coro, correspondendo já ao aspeto atual da igreja de Ancede.

O mesmo documento refere-se ainda à atual sacristia como tendo sido a sala do capítulo “no tempo dos cónegos” (ADP).

Conhecem-se as relações comerciais que este Mosteiro de Ancede tinha com a região da Flandres para onde exportava vinho utilizando duas naus durante o século XV.

Não é por isso de estranhar que tenhamos hoje na Igreja vários quadros identificados como sendo pinturas de autores flamengos com destaque para o belíssimo tríptico de São Bartolomeu. Este tríptico data de 1530 e a sua autoria foi atribuída a Joos van Cleve (c.1485-1540) mestre pintor flamengo, conhecido como um dos primeiros pintores flamengos a introduzir no fundo das suas pinturas amplas paisagens, o que se tornaria uma técnica popular da pintura renascentista do Norte da Europa. No caso deste tríptico é visível um vista de Antuérpia com o rio Escalda e o estuário do porto onde desembarcavam mercadorias vindas de toda a parte do mundo incluindo o vinho produzido no Couto de Ancede (Lorena, 2016).

Dignos de visita são também algumas esculturas que se guardam na Igreja assim como a cruz paroquial gótica e a cabeça santa que curava as gentes e o gado da doença da raiva.

BIBLIOGRAFIA:

Barroca, Mário Jorge (1984). Notas sobre a ocupação medieval em Baião, Arqueologia, 10.
Guia. Rota do Românico.
Lorena, Mercês. (2016). Tríptico do Mestre de Ancede. In. Joel Ferreira Mata, Baião: Em torno do ano 1500.

Sugestão: Clique nas imagens para ampliar.

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